quarta-feira, 25 de março de 2009


KALEIDOSCÓPIO

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Continuo por ai sem permitir
que o mau tempo apague dentro de mim
os sonhos coloridos
que teimam em resistir
neste trajeto inacabado
Vou seguindo
tentando conseguir
poder guardar dos dias
não apenas as nódoas
mas principalmente as cores
que resistiram ao meu passado
Sigo tentando absorver da vida
a beleza do seixo, do diamante e do cristal
extraindo de cada um sua mais formosa luz
sem julgar o que se há ido
e sem imaginar que estarei só e no escuro
tendo que usar um circo astral
Salvador, sem tempo...


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AH...SE EU PUDESSE
*Aurea Abensur*
(Orinho)
Ah! Se eu pudesse
No tempo reviver...
Faria do meu mundo o teu
E do teu o meu viver
Esconderia a sete chaves o nosso amor
Num cantinho sem pedras
Sem entraves alheios para não nos fazer sofrer
Tudo ao nosso redor seria belo
Só o sopro da felicidade sentiríamos em nossos passos
Sentindo simplesmente a vida por nossos corpos escorrer
Seríamos mágicos, viajantes do mundo
A explorar mares, montanhas e ilusões
Gloriosos, felizes, matreiros
Viveríamos simplesmente sem razões!
Salvador, com saudades...


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ROMARIA II

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Meu destino,
embora uma romaria
é marcado por anzóis
que me feriram em pescaria

Neste destino ainda me perco
nas folhas secas das largas avenidas
constantemente em obras
de tempestades e calmarias

A música permanece entoando suas notas
para este coração cada vez mais cansado
o que ainda me permite continuar sentindo
a frágil beleza da vida

Minto...

Tenho a ti, meu guia, mentor e anjo amigo
lado a lado, sempre aqui
chorando ou sorrindo como um amparo
passo a passo comigo nesta romaria

Por isso, permaneço neste caminho
buscando ainda apenas
mesmo que em estradas mal assombradas
um atalho ou um novo itinerário

Salvador, indo....


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PARA TI

*Aurea Abensur*
(Orinho)
Para ti escrevi
Porque por ti não só os sinos dobram
Mas também se desdobra um coração
O meu!

O que senti?
Todas as palavras incontidas
Escondidas e caladas nesta alma
A minha!

Meu amor, puro sentimento
Guardado, reservado e retraído
Revivendo, rebatendo, temendo
É teu!
Salvador, sendo...


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UM SONHO A MAIS

*Aurea Abensur*
(Orinho)

na imaginação do sonho
ouço vindo dos céus
tua voz a me chamar
tento, vencendo
a sombra dos temporais
próximo a ti chegar
trazes nas mãos a paz do teu carinho
corro pra abraçar teu corpo cansado
que vem tentando me alcançar
nascem dos meus olhos lágrimas de sorrisos
sinto do nosso amar o cheiro doce
a se espalhar no ar
acordo envolvida nesta luz
do teu forte, doce e inesquecível olhar
saboreando em silêncio e ainda nas nuvens
esta delícia do meu utópico sonhar

Salvador, indo...


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sábado, 14 de março de 2009



INCENSO
*Aurea Abensur*
(Orinho)

A fumaça do incenso
vai invadindo meu quarto,
me envolvendo por inteira.
Com a sua nuvem perfumada
vai limpando, vai levando,
de cada poro do meu corpo,
algumas tristezas, minhas dores,
afastando-as, exorcizando-as.
Neste ritual de tão leves aromas,
sinto-as indo com as pequenas nuvens
saindo pela janela
com a ajuda do vento
no dorso de um lindo cavalo branco
para além de lá
as amargas "incelências"

Salvador, indo...

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PRA SEMPRE

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Num mar de sonhos
guardei em mim
tudo que vivemos
todo o teu ser

Sigo pela vida
amando-te podes crer
porque não consigo te esquecer?
não sei!

Só sei que continuo te amando.
saiba que pra sempre te espero
podes até nunca mais voltar
mas lembra do quanto te quero

Meu amor por ti,
nunca há de acabar

Salvador, no tempo...
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domingo, 8 de março de 2009


NO AR II...
*Aurea Abensur*
(Orinho)

No ar...
Cheiro de mar e mato,
Prenuncio de chuva.
No amanhecer...
Um céu nublado,
As aves voando,
Em busca de abrigo.

Direciono meu olhar
Para o mar e,
Sinto saudades.
Foram dias felizes!
Eu e a tu, tu e eu!

Escondi na minha bagagem
Os dias inesquecíveis!
Para guardar ainda...
Na caixa das marcas
Da minha boba alma.

Salvador, indo...


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FILHA DO VENTO

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Sou filha do vento
ele me chama
eu vou
e não erro o caminho

Elevo minhas mãos pro céu
preciso vencer a noite
e vou
devagar, sem ser triste

O dia estava lindo
colorido como meus sonhos
eu vou
preciso estar lá antes
da escuridão e seus pecados
violentarem meu cenário

Sou filha do vento
ele me chama
e vou
aos meus antigos caminhos
Salvador, indo...


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quinta-feira, 5 de março de 2009


TRAPÉZIO
*Aurea Abensur*
(Orinho)
Lá de cima, donde sopra o vento
Como se num trapézio fosse
Sentimos o horizonte bem pertinho de nós
Degustei o aroma doce do teu beijo
E em teu cálido corpo me aconcheguei
E como se numa arejada varanda estivéssemos
Embalados apenas por um alegre realejo
Partimos juntos pelo ar pra terra do sempre
Quintal paraíso, lugar sem razão
Apenas descansando de um sonho real
A acalmar o teu e o meu coração
Salvador, pensando...


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quarta-feira, 4 de março de 2009


MINHAS NUVENS
*Aurea Abensur*
(Orinho)
Na solidão de instantes
olho pra além de lá e penso;
Como ficou tudo coalhado num varal dependurado!
Ainda assim, sento-me naquelas nuvens,
aquelas dos meus utópicos sonhos
e espero, espero até o fim do mundo
Vou migalhando mesmo que às vezes amordaçada,
garimpando das rimas, das esperanças do que virá,
somente e apenas amor...
nem que seja num varal espetado
Vislumbro além, campos de girassóis...
os mesmos...
e vejo-me próxima ao lirismo do teu olhar
que outra vez ainda há
de deslumbrar-me
ao me fascinar


Salvador, em tempo...


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A BEIRA DO REGATO
*Aurea Abensur*
(Orinho)
A esperança torna verde o meu sonhar
Sendo esta mulher, animal eterno do dilúvio
Aprendi sozinha a me salvar
A vida diz-me, eu digo
Vou sozinha a beira do regato
Ao teu lado paro e fico a pensar...
Vendo essas águas límpidas e claras
De mansinho a escorregar
Ponho-me a te contar
OUVES-ME?
Em ti quero me banhar
Sentir o domínio dos meus sentidos
Ouvir meu destino a gritar
Podendo todas as saudades lavar
Sou esta mulher, amputada, asas roubadas
Mas, ainda querendo estar
E como peixe
Neste amor mais leve nadar
Salvador, no tempo...


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FINDANDO o VERÃO

*Aurea Abensur*
(Orinho)
O verão está partindo
Com ele segue minha sede do infinito
As águas do mar estão turvas
Remexidas pela impetuosidade das areias
Será que o mar sente?
Será que está com sede do rio?
Mas...
Se o rio é uma manifestação do mar
Para onde irá então minha sede do infinito?
Me farei córrego mesmo pequeno
Correndo estreito e manso
Buscando meu destino
Até encontrar de novo o oceano
Salvador, no tempo...


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terça-feira, 3 de março de 2009



LÁ NAQUELA PRAIA


*Aurea Abensur*
(Orinho)

No redemoinho do meu pensar
admirando o oculto e distante horizonte
lá te imaginei a me esperar
O lindo azul do céu contemplei
enfeitando com poucas nuvens meu dia
e apenas por teus braços almejei
Sobre meus mágicos pensamentos
voavam lindas gaivotas
nos seus bailados,buscando alimentos
Eu também nos meus devaneios
só a ti como alimento buscava
para preencher meus anseios
No descompasso do meu coração
nesse encontro com o natural da vida
senti uma desvairada emoção
Deixei meu corpo entrar no mar
confiei-lhe em segredo meus sentimentos
e ele me respondeu
para esperar e no tempo confiar
Salvador, no tempo...


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FOI ASSIM


*Aurea Abensur*

(Orinho)

Eu que na luz vivo
senti de repente
o manto das sombras
penetrando meu coração
rasgando o triste silêncio
na dor da recriminação
Porque minhas palavras
querendo passar o melhor
saem às vezes amassadas?
Fiquei entre a dor e o choro
num anseio, numa infinita espera
na contração forte do retorno
Pelo meu corpo escorriam
insossas, gotas de suor
que mais pareciam
chuva fria que me adoeciam
A tristeza hoje me aduba
ferindo as raízes do meu ser
porque o que mais desejo
é...
ter-te, ver-te e teu presente receber


Salvador, sozinha...


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SER MULHER


*Aurea Abensur*

(Orinho)


Ó D'us meu Senhor,
quero muito te agradecer
pela oportunidade de nesta
vida ter nascido Mulher!
Não creio ser um ente superior ao Homem,
Não!
Mas sei que vim mulher, muito para dele cuidar!
Talvez até através da minha fragilidade
para torná-lo mais forte!
Ofertando-lhe a minha mão.
Vim Mulher,para poder conceber e a tantos criar!
Isto é Dádiva!
Agradeço-te pela sensibilidade a mim doada,
pelo meu sexto sentido,
por me diferenciares com docilidade,
agradeço-te principalmente por não temer amar!
Posso te dizer Senhor;
não é um caminhar muito fácil!
Mas também te digo,
que mesmo com todas as dores sofridas por ser Mulher
e sei que a maioria delas passa,
considero-as todas sem exceção,
sejam como ou quem forem,
todas, SUBLIMES!
Obrigada por eu ser uma fêmea humana,
meu coração é forte, minha alma é nua,
Sim...
Nua de agressividade.
Não sou imaculada,
ao contrário,
sou bastante manchada pela vida que escolhi,
mas me sinto em comunhão com a imaterialidade.
Por isso ergo meus braços e grito;
Sendo Mulher, me fizestes maga,
me permitistes ser Deusa,
pude acender as chamas da transformação
Como guia, fascinei,
sendo bruxa,enfeiticei,
como MULHER, apenas amei!

Salvador, sempre...


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