terça-feira, 15 de maio de 2012


SILÊNCIOS

*Aurea Abensur*
(Orinho)

silêncios conspiram no ar
suspiros estão a se ouvir
imagens aparecem
sonhos se põem a dançar
na surdina do tempo a fluir
estrelas espiam de longe
a Terra se envolve em perfume
no céu anjos cantam
por verem que...
tão inevitável quanto a Lua mudar de fases
as flores desabrocharem dos botões
as correntezas do amor hão de chegar
e molhar cada ser que queira se dar!

Salvador, com o tempo...



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terça-feira, 6 de setembro de 2011



NASCER DO SOL

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Quando nasce o sol
vou sorrateira com meus passos
afiando os dedos de minhas mãos
rasgando as cisternas do céu
inundando de azul minhas dores
tentando abortar pudores
esvaziando do peito meus temores
Chegando em ti mar, me entrego
às vezes suspensa no espaço
ou com a alma ajoelhada
inundando-me no teu regaço
entrego-me nas tuas águas
que só renova e alivia
meus próprios estilhaços

Salvador, indo...


















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quarta-feira, 18 de maio de 2011



ONTEM

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Ontem me perdi
na luz do crepúsculo
olhando naquele céu esbraseado
a chegada da lua
linda, sorrateira
completamente dona da rua
Quis voar até ela
numa vontade frenética
tropeçando nas nuvens
segurando-me nas estrelas
na noite totalmente nua
com a saudade que arrepiava meu corpo
Fechei os olhos
segui meu caminho
envolvi com meu carinho
almas muito mais sofredoras
agradeci por meu pranto
me cobri com meu manto
e chorei por meu tanto

Salvador, ainda lua cheia


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quinta-feira, 5 de maio de 2011




PRECISO

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Preciso ficar quieta
com a minha tristeza
segurando o pranto
para não gritar de dor
espalhando pelos quatro cantos
esse choro guardado
com tanto amargor.

Preciso ficar em silencio
pra não querer voltar
ao porão da saudade
fazendo minha alma tornar
a reviver a aflição
de não poder te amar

Preciso por mim ter compaixão
procurar uma semente fresca
que possa de novo germinar
amor no meu coração
e reacender a chama da vida
apagada na minha emoção

Preciso libertar-me do passado
ser de novo um ser vivente
desnudar-me e recuperar a sabedoria
esquecer o que ainda está amarrado
pois quem vive de lembranças
não é tão sábio como pensa

Salvador, precisando ...






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terça-feira, 3 de maio de 2011


PASSAGEM

*Aurea Abensur*
(Orinho)

Meu jasmineiro como nunca dantes,floriu.
As frutas todas, amadureceram.
Os trevos com seu verde meu templo coloriu
Ao longo de intermináveis dias dei-te
A seiva mais fecunda dos meus sonhos.
Rodeei minha vida com ilusões.
E de repente um chuvisco trouxe consigo uma tempestade
A terra inundada, segredos pariu.
O verão terminou.
De repente, a paixão desabou
Lentamente agora, avanço para curar-me
Quero das minhas próprias lágrimas beber
Sentir no seu sal o sabor doce da vida
E ainda desta fruta doce e madura chamada vida
Quem sabe? poder ainda absorver

Salvador, indo...






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domingo, 1 de maio de 2011



REDEMOINHO DO TEMPO

*Aurea Abensur*
(Orinho)

No mosaico dos dias,
há diversas pastilhas.
No arquipélago do tempo,
as estações, as ilhas.

Na plantação das páginas,
os dias parecem grãos.
Os meses decrescem
de minhas mãos.

O pêndulo dos segundos
em sua oscilação,
me abana esperanças,
ou responde: Não?

Olho os espelhos dos relógios
vejo meu rosto refletido.
Escrever sobre a vida é buscar
ao redemoinho sentido?

As ventanias me trazem,
folhas dos calendários.
Na gaveta as páginas,
segredos, aniversários.

No encanto de cada dia,
num canto um "X"
É a obrigação secreta,
de ser cada dia mais feliz.

Salvador... lembrando









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quinta-feira, 14 de abril de 2011



SERENAMENTE GRATA


*Aurea Abensur*

(Orinho)

Das profundezas escuras

ocultos pensamentos

até a mim chegaram

vindos pelas poderosas correntezas

da sabedoria de antigos mestres

Trouxeram-me ensinamentos

que chegaram como bolhas

à tona num pequeno e límpido lago

Sutilmente na superfície os recebi

solene com respeito e autoridade,

corretos e verdadeiros

com seus valores universais Serenamente os reconheci e aceitei

Tornei-me una com o amor consciente

com o espírito de luz do amor

que tira o pó do espelho

da infinita eternidade


Salvador, noite no tempo...







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